sexta-feira, abril 24, 2009

“Os pais” de Santo André

... passavam 20m das 10:00h do dia 18/Abr quando estacionei o carro no parque de estacionamento do Instituto Piaget. Ia assistir ao Seminário “Vila Nova de Santo André - Uma Cidade para a Indústria”. Passo apressado ... pois já estava atrasado ... maquina fotográfica devidamente carregada e pronta a registar o momento. No caminho para a porta de entrada do Instituto cruzei-me com o Presidente da Junta de Freguesia ... o Sr. Jaime Cáceres. Trocámos algumas palavras sobre o tema do Estacionamento Abusivo. Ambos concordámos que o problema deveria ser resolvido. Vamos aguardar p/ ver ...

Voltando ao tema deste post ...

Este Evento, organizado/promovido pela Secção Regional Sul da Ordem dos Arquitectos, tinha como objectivo, e como o próprio cartaz de divulgação refere, “debater um exemplo com relevância no urbanismo português dos anos 70 do século XX”. Por outras palavras ... pretendeu-se recordar todo o processo que levou à edificação da única Cidade Nova construída em Portugal no século XX. Antes ... só Vila Real de Santo António ... no século XVIII, que foi construída por ordem do Marquês de Pombal.

Neste Seminário iam estar presentes os três Arquitectos responsáveis pelo Projecto, tendo cada um deles colaborado em fases distintas do mesmo. Eram eles, e por ordem cronológica (ver foto ... da direita para a esquerda) o Arq.º Câncio Martins, o Arq.º Silva Dias e o Arq.º Vassalo Rosa. Era uma oportunidade a não perder. E foi ... sem sombra de dúvida ... uma oportunidade ganha em todos os sentidos.

A expectativa era grande ... queria ouvir as palavras destes senhores. Queria escutar o relato da epopeia que foi erguer um Projecto desta envergadura no Portugal bolorento dos anos 70. Sentei-me e assisti a uma aula de história.

Foi interessante ouvir a análise que fizeram do Projecto, passados cerca de 35 anos do seu inicio. A distância temporal permitiu-lhes abordar o tema com o afastamento necessário para apontar erros e virtudes. Cada um dos arquitectos interveio isoladamente para explicar à assistência, maioritariamente composta também por arquitectos, os conceitos e ideias que aplicaram no Projecto de Sines, em especial na construção da Cidade Nova de Santo André. A titulo de exemplo, foi mencionado que se chegou inclusive a considerar a hipótese de se expandir Sines e Santiago, ao invés de ser construído algo de raiz. Todavia, e após a análise de um conjunto de factores (relevo/preço do solo, a quantidade/origem dos novos habitantes, etc), a opção escolhida acabaria por ser a construção de uma Cidade Nova. Ficámos ainda a saber algumas histórias de bastidores. A fabricante de automóveis Alfa Romeo, que esteve para ser instalada em Sines, acabou por ir para Inglaterra, devido à pressão da ex-Primeira-ministra britânica Margaret Thatcher.

... prosseguindo ...

Durante os intervalos fui ter com os arquitectos ... meti conversa ... e consegui dialogar com eles. Sabem ... às vezes damos por nós em certos lugares e com determinadas pessoas ... mas a conversa não arranca. Este não foi o caso. Havia “sede” de escutar da minha parte, e “fome” de falar da parte deles. Conversámos sobre o passado, mas principalmente sobre o futuro. O consenso imperava na troca de palavras/argumentos. Apesar do projecto nunca ter alcançado os fins propostos, as bases estão criadas para que um dia este seja concretizado. Os sinais vão surgindo, ainda que a conta gotas, mas o caminho é só um.

... as conversas iam decorrendo ...

Às páginas tantas ... dizia-me o Arq.º Câncio Martins: “Estive aqui pela primeira vez em 1968 ... não existia nada. Era só areal e pinheiros. Um certo dia chegámos a ir a uma destas praias e estava um grifo (abutre com 2/3 metros de envergadura) com as asas abertas que ocupava a largura da estrada ”.

Enfim ... um sem numero de histórias que ficam por contar.

Bem ... não vou esticar mais este post cujo único propósito era colocar a foto destes três Senhores ... que bem podem ser denominados “Os pais” de Santo André.

6 comentários:

Anónimo disse...

E por estas e outras razões que a nossa Cidade é diferente.
Berto achei interessante aquela entrevista que você fez ao V.Proença para "O Leme".
Aquela pergunta dos impostos,pareceu-me que o homem "gagejou" um bocado.

Alex disse...

Através do seu blogue soube da conferência. para já quero agradecer-lhe por isso. Também lá estive presente, pois como geógrafo de formação com especialização em planeamento e urbanismo, interessa-me de sobremaneira este tema, além das razões que me ligam a Santo André.
Curiosamente fiz recentemente um trabalho na Universidade sobre o pólo de crescimento de Sines e desenvolvimento urbano de Santo André. Onde abordei exactamente as temáticas da conferência.

Cumprimentos

Alexandre Baptista

Espaço do João disse...

Caro Berto.
Destes Senhores, somente conheci o Arq. Câncio Martins. Nunca mais soube de seu paradeiro. Estes Senhores tiveram uma criança selvagem nos braços e transformaram-na numa realidade,infelizmente incompleta. Pena é que outros vindouros que receberam esta Urbanização, nada mais fizeram do que expoliar o que estava feito mas, quanto a inovações nada. Recebem os nossos impostos e, desbaratam-nos muitas das vezes em incompetências arrogantes. Repare que agora para mostrarem obra estão a fazer a requalificação do Bairro Horizonte e do bairro da Atalaia. A arquitecta paisagística e um senhor que foi presidente de junta só faltaram mandar-me prender por ter chamado á atenção das aberrações que estavam a fazer e que agora estão a pôr no sítio certo depois de se ter gasto uma fortuna . No Bairro Horizonte se não fosse uns tantos carolas nem uma casa existia. A arquitecta paisagística de então,era um ser arrogante que somente estava para beneficiar do ordenado pago pelos nossos impostos e, quando se dizia ou lembrava algo a resposta que nos dava é que ela era arquitecta paisagistica e sabia o que estava a fazer. Deu no que se está a ver, mais pela sua incompetência do que outra coisa. O então presidente de junta na véspera de perder o mandato,andou a querer saber quem tinha cortado uns ramos das grevílias robustas que estavam para dentro dos qintais, rebentando com os muros, saneamento e pavimento dos passeios, apresentou queixa na G.N.R. e, um comunicado á Câmara para que procedesse a averiguações de modo a tentar penalizar os indivíduos. Outro prepotente. Fez-se o mercado municipal de Santo André com verbas deixadas pelo G.A.S., A biblioteca , aproveitando-se as infraestruturas deixadas pelo mesmo,de resto nada digno de registo. A estrada municipal que liga Santo André ao entroncamento da estrada nacional, está num estado caótico e tão perigoso que poucas são as pessoas que se atrevem a transitar a pé. Nem bermas tem e, já há a registar algumas mortes.Substituio-se um pontão de madeira por um de betão, perto da fonte de baleizão que, não tem saída,destruiu-se a azenha da Ganja das laranjeiras, encontra-se no local um montão de destroços. Mais teria para enunciar, mas por hoje, aqui me fico. Receba aquele abraço de quem ama Santo André e, vive permanente desde 1976 nesta rica CIDADE que considera terra de gente pacífica e de seu nascimento.
Em tempo:-É de louvar a célebre Rotunda junto ao bairro das torres, pois serve para os autocarros e camiões passarem sobre ela.Antes tivessem feito uma provisória como fizeram junto aos Bombeiros.

Espaço do João disse...

Caro Berto.
Os meus cumprimentos. Li otesxo que publicou no Jornal O Leme com muita atenção, e gostei visto o Leme ser um jorna da região lido por quase toda a população , enquanto o blog, nem todos . Quanto ao estacionamento, já aqui comentei que muitas das pessoas não dão um passo que nãoseja de popó. É uma vergonha. Junto ao laboratório de análises clinicas que se encontra onde era o quartel antigo dos bombeiros, resolveram pintar os separadores em paralelo em vez de serem pintados em espinha. Mais uma razão para que se aproveite mal os espaços.Não sei quem foi o iluminado que mandou fazer tal coisa, garanto-vos que não fui eu. Teria muito gosto em encontrar-me consigo aqui em Santo andré para mostrar-lhe as belezas que estão feitas após a sua saída desta linda Cidade. São de bradar aos ceus. Não admira que os incivilizados vandalizem ainda mais, visto quem de direito não responder aos anseios das populações. Um abraço. João

Berto disse...

Olá João,

fica combinado. Quando for a Santo André envio-lhe um email p/ combinarmos um passeio pela Cidade, p/ fazermos um apanhado geral de todas as situações que refere.

O resultado desse "relatório" será posteriormente publicado neste Blogue e, possivelmente, no Jornal "O Leme".

Cumprimentos,
Berto

Anónimo disse...

Sou um morador de Santo André à 33 anos,tenho assistido a colocação de varios nomes a ruas, edificios, etc, que não têm nada com a Cidade. Gostaria de ver um dia um nome que deu imenso a Santo André a ser perpectuado em algum local: Padre Amadeu